quarta-feira, 13 de julho de 2011

O Nascimento

O último dia seis foi de uma importância surreal em minha vida. Foi o dia em que saiu da embalagem o meu filho Antônio, primeiro herdeiro das dívidas. 


O dia começou as cinco da manhã, quando acordei, fiz café e saí rumo a Realengo para entregar uma pedaleira para meu amigo Luís Felipe e depois buscar minha sogra e meu cunhado na casa deles, em Sulacap. Tudo para que pudéssemos sair com as oito e meia da manhã, com folga suficiente para que chegássemos à clínica Perinatal de Laranjeiras e déssemos entrada na internação as dez e meia da manhã. Tomamos um café reforçado e entre uma olhada e outra no twitter da Lei Seca para saber do trânsito, saímos a tempo, minha mãe, minha sogra, meu cunhado, minha esposa e eu.


Durante o caminho todos estavam meio tensos, afinal estávamos na última viagem do Antônio dentro da embalagem. O único que conseguiu de fato tirar sorrisos de todos as bocas presente foi o grande José Simão, colunista do programa do Ricardo Boechat na boa Band News Fm, com piadas e tiradas diretas. Quer subir na vida? Então fique em cima de um bueiro oras...


Chegamos na clínica e eu estava muito tenso só de esperar na recepção pela liberação de algum quarto. Não queria conversar, não queria sorrir, só conseguia mesmo olhar o facebook no celular para distrair. Cheguei a ir para a rua e dar uma volta no quarteirão para ver se acalmava. A essa altura ainda não tinha decidido se iria entrar na sala de parto ou não, o que me deixava mais tenso ainda. Quando voltei para a recepção da maternidade, entre algumas tentativas em vão de falarem comigo anunciei que iria entrar na sala de parto e queria a melhor câmera, pois iria fotografar tudo.


Subimos para o quarto e eu continuava bem tenso. O anestesista foi ao quarto explicar como seria o processo e perguntou se eu iria assistir ao parto, o que afirmei sem titubear. Ele explicou que eu iria ficar ausente da sala enquanto ocorresse a anestesia, ficando eu no corredor ou na sala dos médicos, com televisão e cafezinho. Ficamos no quarto esperando o horário do parto, marcado para as treze horas, assistindo televisão aparentemente tranquilos, porém bem assustados, principalmente eu. Quando a doutora entrou no quarto para explicar o processo do parto e já nos levar para a sala, minhas pernas começaram a tremer. 


Depois que saímos do elevador de macas fomos separados. Enquanto ela fazia o caminho dela, me levaram a um vestiário para que eu pudesse colocar os trajes apropriados para uma sala de cirurgia. A partir dali só veria minha esposa já na sala do parto. Os momentos de espera foram angustiantes, com toda a certeza os mais da minha vida. Ficava no corredor andando de um lado para o outro a todo momento. Em alguns momentos pensava "vou ficar calmo, entrar na sala dos médicos e ver o Globo Esporte sossegado", porém quando sentava no sofá pensava "e se o anestesista aparecer no corredor me chamando, eu não estiver lá e eles fizerem o parto sem mim?", e voltava para o corredor, novamente andando de um lado para o outro. Um pouco depois chegou outro pai na mesma situação que eu , porém ele já passava por isso pela segunda vez e me confessou estar ainda mais nervoso do que na primeira vez.






O anestesista me chamou e eu estava no corredor esperando por isso. "Bruno, está tudo pronto! Pegue uma máscara nessa entrada a sua esquerda e venha". Nessa hora eu esqueci o que esquerda, esqueci como se andava, esqueci o que era máscara... Estava completamente desesperado. O anestesista repetiu o comando e eu continuei na mesma, até que ele me chamou para a realidade: "Bruno, fica calmo! Respire fundo e olhe para o lado... Não não, para o outro lado! Isso! Agora vá ao balcão e pegue uma máscara." Fui ao balcão, mas tive que pedir ajuda para uma enfermeira para vestir uma simples máscara de enfermagem. 


A partir do momento em que entrei na sala de parto todo o meu nervosismo e ansiedade simplesmente sumiram. Estava com uma tranquilidade ímpar. A única instrução que tive foi não encostar em uma mesa com uma toalha azul. Fora isso eu tinha total liberdade pela sala de cirurgia. Enquanto estavam cortando a barriga de minha esposa, estava junto a cabeça dela fazendo carinho e a tranquilizando. Não tirei nenhuma foto nesse período. A partir do momento que disseram que o neném já ia sair, deixei um impulso tomar conta de mim, coloquei a câmera no modo de filmagem e fui para os pés da minha esposa para filmar meu filho saindo da embalagem. 


A filmagem perfeita comprova que não tremi nenhuma vez! Eu estava em um estado de paz muito grande. Emocionado sim, mas não para derramar os oceanos de lágrimas que imaginei que derramaria. A emoção que eu sentia era como se o mundo fosse um lugar que predominasse amor, muito amor. Naquela sala predominava o nosso sentimento quanto ao nascimento do nosso filho juntamente com o respeito que aquela equipe estava fazendo o parto. 


Assim que Antônio saiu, todo lambuzado, sem chorar, com 3,685Kg e 50cm, passei oficialmente para o clube dos papais. E como é bom estar nesse clube, como é bom ver na sua frente a forma viva de amor incondicional. 


Filmei até certa parte da limpeza do meu filho, quando desliguei a câmera e fui ter com minha esposa, que ainda estava meio tonta com a anestesia. A única coisa que conseguia dizer era "caprichamos meu amor, nosso menino é lindo, muito lindo!". Colocaram meu filho junto da mãe dele e de mim, e foi um momento maravilhoso! Foi a primeira vez que estávamos juntos podendo ver com os olhos do corpo o que já via com os olhos da alma, meu filho veio nos abençoar.




Me chamaram e acompanhei meu filho rumo ao berçário. Assim que saí do elevador do berçário minha irmã Paula me viu e alertou a multidão presente na sala de espera. Peguei meu filho e fui até o vidro, apresentando-o para as pessoas que eu amo. 


Meu filho foi recebido com lágrimas de felicidade e emoção. Agradeço a Deus, aos nossos amigos de luz e à minha família e amigos, pelo apoio dado durante toda a gravidez.


Termino com um recado para uma divindade chamada Barriga. Você trouxe meu menino e foi embora, mas ainda irei te ver de novo! 

sábado, 2 de julho de 2011

RÁ TIM BUM!

"Pronto, chegamos!" Essa é a senha para que as crianças saiam correndo na frente e comecem a explorar o mundo de possibilidades que existem nesses salões de festas especializados em festas infantis. Seu filho de onze anos acha chato ter que ir em uma festinha de um bebê de um ano? Não desanime, lá tem tem Guitar Hero e até jogo que capta o movimento do corpo do guri na tela. Crianças de todas as idades se divertem com as piscinas de bolinhas, máquinas de dança, mini roda gigante, carrossel, até tirolesa infantil! Além, é claro, dos animadores que tentam a todo custo ser engraçados e interessantes, na maioria das vezes não conseguindo nem mesmo atingir as crianças.


Fui numa festinha de um ano hoje e meu sobrinho saiu de lá tendo conhecido apenas um menino, e mesmo assim saiu sem nem saber o nome dele. Elas se divertem na maioria das vezes interagindo com uma máquina, exceto as crianças que ainda preferem ficar na piscina de bolinhas, mas essas geralmente não sabem nem falar ainda. Você, caro leitor, lembra com detalhes como eram as suas festas de aniversário?


As minhas eram festas muito legais. Apesar de não ter tido festa de 1 ano por ser um neném não lá muito simpático, as festas das crianças da minha família tinham como característica a união familiar. Tenho muitos primos e as tias se ajudavam muito nessa hora. Uma fazia o bolo, outra os salgados, outra os doces, outra cuidava da decoração... E assim a festa saía muito bem. Meu aniversário de dois anos foi uma super festa com todos os tipos de bola, tinha até aquelas bolas de gás hélio! Claro que as minhas lembranças se resumem a fotos, mas o mais interessante estava em minha mãe e mãe de muita gente, Marly Chagas.


Festa da minha irmã Paula. Eu ainda na barriga.




Eu cresci morando em uma vila cheio de crianças com personalidades e criações muito diferentes, ou seja, sempre estava saindo briga, além das que eram vítimas do que hoje é chamado de bullying. Minha mãe conseguia juntar todas as crianças no mesmo quintal e fazer as lendárias danças da laranja e da vassoura (que não é a do Molejo). Já imaginou aquela menina que se acha a mais linda do pedaço dançando com uma laranja colada na testa do menino gordão bobão? Nas festas lá de casa isso acontecia. E no mínimo sinal de desavença Tia Marly surgia das sombras e fazia algo antes mesmo da desavença acontecer. Não lembro de uma só briga em festas dos filhos da Tia Marly. Eu costumo dizer que tenho muitos irmãos adotivos, pois são inúmeros os amigos meus e dos meus irmãos que consideram minha mãe como uma mãe também.


Quais eram melhores, as do meu tempo ou as de agora? E como eram os aniversários quando seu avô era menino? Cada um no seu tempo, que sejamos felizes!