quinta-feira, 28 de abril de 2011

O jantar (Parte 2)

(não leia esta postagem antes de ler a parte 1)

Olhamos o cardápio com curiosidade. As entradas eram meio exóticas para mim que estou acostumado no máximo com um pão do Outback como entrada. E isso por que pensando agora eu acho que o Outback é o único lugar que eu freqüento com algum tipo de entrada. Entre berinjelas e uns pratos italianos bem estranhos, escolhemos um pão italiano em formato de pão de forma com um molho por cima e uns temperos. Acho que escolhi esse por ter me lembrado a pizza de pobre que a Sandra fazia pra mim quando eu era moleque, quando ela colocava molho de tomate e muçarela sobre o pãe de forma e colocava no forno. Era muito bom!

Pois bem, dissemos o que desejávamos para a entrada e começamos a conversar sobre nossas impressões sobre o restaurante quando surge outro garçom e começa a colocar coisas na nossa mesa. Eu realmente não esperava por aquilo e fiquei sem ação, apenas observando as coisas que ele estava colocando e não entendendo o motivo daquilo estar na minha mesa. Estávamos diante de uma vasilha com três pequenas vasilhas dentro contendo patês de frango, azeitona e fígado; outra vasilha com jiló, batata assada e berinjela com queijo em pouca quantidade e ainda uma vasilha maior com alguns tipos de biscoito feito com massa de pão. Como eu vi a berinjela no meio das coisas logo matei a charada: trouxeram a entrada errada para a nossa mesa. Chamei o garçom, lhe comuniquei o fato e ouvi "Está enganado senhor, este é só o couvert! A entrada está sendo preparada." Nos lugares que costumo ir o couvert é o artístico e na maioria das vezes a gente não entende o porquê de pagar.

Na minha observação de quem era Groupon e quem não era cheguei ao fato de que quem não tinha vinho na mesa era Groupon. Dava para notar o deslumbramento no olhar, a sensação de estar comendo em um lugar que você não poderia normalmente... Os mesmo sintomas que estávamos com certeza demonstrando. Carlinha estava sentada de frente para mim e na mesa atrás dela sentou-se um casal de modo que o homem estava de frente para mim. Pela vestimenta da mulher e pela confiança em que o homem falava com o garçom eu logo vi que eles não eram Groupon, comentando prontamente meu veredicto com a Carlinha. Veio à entrada, que estava deliciosa, e depois o prato principal, que estávamos degustando com muita intensidade. Estava maravilhoso. Como meu filho Antônio aperta a bexiga da mãe dele, ela teve que ir ao banheiro, ato que coincidentemente a mulher da outra mesa fez logo depois dela. Assim que a mulher saiu o homem chamou o garçom, pegou o cupom do bolso e perguntou se um vinho que ele vira no cardápio fazia parte da promoção. Quando a mulher voltou, ele ofereceu a ela o vinho tal da safra tal do ano tal, igual nos filmes. Sim senhoras e senhores! Ele era um Groupon iludindo uma pobre dama.



O jantar foi delicioso e muito agradável. Então meu filho entrou em ação mais uma vez e fez a mãe dele ficar com desejo de um mousse de chocolate. Ou será que a mãe dele que a fez ficar com desejo? Nunca saberemos! Pois bem, perguntei se tinha o mousse e só tinha um bolo mousse. Como no meu ouvido de homem a palavra bolo foi ignorada e só ficou a palavra mousse, mandei trazer. E não me arrependi nem um pouco ao ver minha esposa deliciando-se com a delícia gelada, cremosa e escura. Uma das melhores sensações do mundo é ver a mulher que você ama tão satisfeita com algo que você permitiu a ela. Claro que também a ajudei a comer o bolo mousse, olhando para o garçom e fazendo o universal sinal de fechar a conta. Não sei se é chique, mas eu fiz!

O garçom veio até mim e perguntou "Cafezinho?". "Claro!", respondi sem titubear. Veio o café, que estava também uma delícia, e logo depois a conta. Tínhamos tomado dois refrigerantes cada um, e somente isso e a bolo mousse saíam do Groupon, que já estava pago. A conta veio R$34,60. Cada refrigerante custou R$4,80, o bolo mousse custou assustadores R$11,90. Só aí são R$31,10. Eles tiveram a ousadia de cobrar R$3,50 pelo cafezinho!!! "Pô Simas, mendigando R$3,50", vocês podem pensar, mas a minha pequena revolta com isso é o fato de que não me lembro de nenhum restaurante que eu tenha ido na minha vida que o cafezinho no final não foi de graça. É como se fosse a simpatia do "Volte Sempre". O café no final deixa a última impressão do restaurante e nesses casos a última impressão pode ser a que acaba ficando. Você, querido leitor, já teve a experiência de comer uma comida maravilhosa e pegar um café totalmente fraco e sem gosto no final? É com esse gosto que você sai do restaurante!

Fui reclamando do café durante todo o trajeto de volta pra casa, mas já sabendo que seria mais uma história para contar e rir junto com meus amigos. E com meus leitores.

5 comentários:

Carlinha AS disse...

Hahahahahaha...Adorei, foi realmente divertido, e o bolo mousse estava uma delicia. Esqueceu de contar que seu lindo filho resolveu dar bicos na minha barriga...rsrsrsrsrs

Rodrigo disse...

que lindooo! levou d. carla pra um delicioso jantar romantico *_*
ótimo causo ^^
eu morro de vergonha de comer nesses lugares muito chiques xD
cobrar pelo cafezinho é igual caldo de cana sem chorinho. ultrajante!
abraço!

Marly Chagas disse...

Muito boa a participação de meu neto Antônio.
Difícil responder.
Fico sem saber se o certo seria o garçon perguntar "Vocês já conhecem a promoção que compraram?", ou, nós perguntarmos pro garçon "Você pode me explicar como funciona o Groupon?".
É um momento tão mágico, o novo, que o estalar os dedos e acontecer tudo, faz falta.
Parabéns família linda!
Vocês venceram, apesar do cafezinho ter amargado o passeio.
Mas, valeu muito!.

Marion disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... Se serve de consolo também não lembro de nenhum restaurante que o café fosse pago!

Thierre disse...

cara,
o melhor dessas histórias é que a medida que eu vou lendo, vendo e ouvindo todas as reações na minha cabeça, eu me sinto como se estivesse com vcs ... e como de costume, dou boas risadas!
isso é bom, considerando q nem sempre podemos estar perto e fico feliz
boa demais essa história