sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Tenho certeza que conheço...

Deparei-me com a foto de um mulequinho e me assustei. Apesar de não me lembrar de já tê-lo visto, a sensação que ficou é que conhecia profundamente aquela coisinha morena com um sorriso sincero no rosto. Comecei a busca na minha memória.

Fui lá pelos idos anos finais da década de 80 e lá não encontrei muita coisa. Devo ter conhecido alguns mulequinhos morenos, mas eu nasci em 87, não fica muita coisa na memória a não ser na afetiva, mas ainda assim gostei do que a memória afetiva me trouxe. Lembrar da minha vó quando ela ainda tinha as duas pernas não é tarefa simples para mim, pois ela amputou quando eu só tinha cinco anos. Lembrar minha vó Carlota com as duas pernas é quase um exercício de imaginação. É o que permite minha memória afetiva.

Entro nos anos 90 e continuo sem achar a lembrança do tal mulequinho. Nunca fui um cara muito popular na escola, nem na rua. Era uma criança com poucos amigos, mas por opção minha mesmo. Sempre muito certinho, acabava não concordando com muitas coisas que as crianças queriam fazer e acabava no meu canto. Para mim nunca foi problema, pois podia ficar lendo ou jogando videogame em paz. Realização mesmo eram as partidas de gol a gol, apelidadas simplesmente por "P", disputadas por mim e meu irmão na rampa da casa de Realengo. A galera ia ao delírio com as defesas de Pacato.

Lembrei da época que fiz o C.A. na escola Recrearte, em Realengo. De lá eu lembro apenas uma pessoa, mas era menina. No dia da apresentação do dia das mães, a minha mãe não pôde ir pela manhã, turno que eu estudava, e assim tive que me apresentar com as crianças do turno da tarde. Uma tarde já foi o suficiente para eu conhecer a menina e apresentar-mos a homenagem de mãos dadas. Lembro desse dia como se fosse ontem. Nunca mais vi Ana Lu. E tenho certeza que não conheço o tal mulequinho da Recrearte.

Meu pensamento foi também na piscina do clube CSSVM, onde meu pai nos levava sempre. Lembro do dia que venci o medo e pulei do trampolim dando um mergulho de cabeça na água. Aquele dia me senti um cara que deu orgulho pro pai, mesmo por que meu irmão sempre foi mais corajoso e melhor nessas coisas radicais do que eu. Fiquei feliz de provar pra mim mesmo que podia ser igual a ele.
Bem, voltando ao menino, na piscina também não fiz amizades... não era um menino tímido, mas não ficava conversando com ninguém para não me sentir sozinho. Era adepto do antes só do que mal acompanhado. Até hoje sou assim.

Mas minha mãe não devia gostar muito disso, conversou comigo e achamos legal ir para uma aula de teatro. Foi realmente muito bom pra mim, pois lá aprendi a me expressar com meu corpo (por mais que não faça isso, eu aprendi) e a falar de maneira que muitas pessoas ouçam. Lembro bem de ver o sorriso no rosto da minha mãe enquanto eu atuava como Fred em "A moribunda" na apresentação de fim de ano.
Novamente não fiz amigos. Novamente não me fizeram falta. Novamente não achei o tal mulequinho nessa lembrança.

Tem muitas outras lembranças em que eu poderia explorar, porém elas seriam em casos que eu e as outras crianças seríamos bem maiores que o mulequinho cuja foto vi. Até mesmo quase todos os exemplos citados aqui já eram dessa forma.
Olhei a foto novamente, senti o mesmo sentimento, mas de uma forma diferente. Conectei-me a ela e descobri o motivo de não saber quem era o mulequinho. Eu nunca fui de olhar-me no espelho, ainda mais nessa época.


10 comentários:

Carlinha AS disse...

Amei!Espera mais um pouquinho e vc vai ver esse menino nos seus braços te chamando de papai, ai vai vim todas as lembranças e tudo de mais lindo que vc viveu nessa época desse menininho lindo! Dizem que as mães sabem como vai ser seus filhos e eu tenho certeza que o Antônio vai ser um Bruninho.

CLÁUDIA disse...

Que menininho mais fofo... rsrs

Acho até que o Antonio vai ser um Bruninho, mas vai ter muito de Carlinha tb... e espero que tenha a alegria contagiante dos dois!!!

Sabe, me emocionei lendo este relato, porque conheci um pouco desse menininho.... um pouquinho maior que a foto, já com uns 8 anos... rs sempre muito inteligente e amigo, que adorava cantar e pular um carnaval..kkkk

Vasculhando minha memória afetiva penso que quanto a nao fazer tantos amigos, a questao é que fazia amigos bem mais velhos que vc pois me lembro um dia em que o Wanderson (Índio), eu e sua mãe conversávamos no portão e nos espantamos quando o menininho resolveu falar sobre política... e com muita astúcia... diga-se de passagem... realmente, crianças do seu tamanho nao estavam muito interessadas nesse assunto...

Mas com certeza os amigos que vc fez até hoje te guardam com muito carinho no coração!!!!!!

Felicidades!!!!

Marly disse...

Covardia, fazer eu ler, tudo isso de lindo, com você embarcado.
Ainda a pouco, emocionada, estava vendo fotos suas, atuais, com o mesmo brilho no olhar dessa foto.
É difícil não se emocionar, revivendo todos esses momentos tão lindos e muitos outros.
O que me faz feliz, é ter a certeza que você sempre trouxe em teu coração esse brilho e os sentimentos lindos que te alimentam até hoje.
Você já é pai do Antônio e será de outros filhos queridos, que com certeza, herdrão do Pai e da Mãe os sentimentos e tudo de bom que fará de vocês uma família muito feliz.
Amo vocês e obrigada por esse presente, mas, cuidado com o coração da Velha!. Rs. Beijos.

Paula disse...

Adorei..este eu li, rs.
mas como a minha falou...caracaaa...o seu olho continua o mesmo e tomara que o Clevinho, ops, Antônio seja um bebê lindo e uma criança inteligente feito vc!
Te amo, beijos!

baby disse...

Mandou bem.

Carol disse...

Demorou mas chegou um comentário!

Nossa... ainda bem q criou esse blog... como vc escreve bem e nos prende a cada linha!!!!

Tenho q concordar com todos os relatos acima... Vc não mudou nada. Sua expressão permanece intacta desde sempre.

Q elas continuem assim!

Prevot disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Prevot disse...

Eu lembro muitas cenas desse mulequinho.

-chatão nervosinho

-me ganhava em qualquer street

-pisou em abelha morta e doeu

-Carnavais insequecíveis (Brunet)

-Turma da Mônica

-Café com pão é muito bom

-orações na mesa, "teve uma clássica que vc agradeceu pelos matos."

-Carrapato na costeleta

-Troféu de Guaraná na festinha de Guadalupe.


se quiser mais .... to aí

Pacha disse...

Paulo Chagas - catarse, quase uma catarse!

Anônimo disse...

O mais rápido!!!! Pegava a chave numa velocidade única!!! Te amo!! E o meu sobrinho Klévinho será amado do mesmo jeitinho ou até mais um pouco!!! Beijos